O medo de Manuel Alegre
Eu gosto muito de ler Manuel Alegre, apesar de, completamente, só ter lido dois livros. E não sei se foi pela minha inata capacidade de escolha (duvido, pois raramente gostam do que eu gosto), ou obra do acaso, mas nestes dois livros reparei num traço que marca a literatura do senhor, agora candidato à liderança do Partido Socialista: Um receio de que as pessoas saiam das molduras.
Fico feliz ao descobrir isto, porque eu, na minha eterna meninice, também tenho o mesmo receio. E fiquei a gostar mais ainda de ler e reler Manuel Alegre…
Agora, será de confiar num político que tem este medo?
“Sei muito bem que as pessoas saem dos retratos, sei isso desde pequeno, mas tu não, estás proibido de voltar a fazer o que fizeste esta noite, não posso entrar na sala e ver outra vez a tua moldura vazia.” Dirigindo-se ao cão (in “Cão Como Nós”; pp33)
“Sempre tive medo que as pessoas saíssem das molduras e começassem a passear pela casa. Para falar a verdade, estou convencido que isso aconteceu algumas vezes.” - “A senhora do retrato” (in o “Homem do País Azul”; pp39)
A mesma empresa que levou dois turistas (Dennis Tito e Mark Shuttleworth) a ver o espaço, o verdadeiro lado azul da terra, pela módica quantia de vinte milhões de dólares(em oito dias), propõe agora uma viagem alternativa para 2005/2006. Esta apenas por 201 mil dólares e apenas 4 dias de preparação, em vez dos 6 meses da primeira oferta.
Com o meu novo hobby de passear pelos blogs, tenho-me deparado com uma língua incrível, escrita de forma tão afincada e rebuscada, em especial pelos mais novos! Eu, quase leiga nesses assuntos, e com a dislexia como agravante, confesso que não consigo entender, tal é a arte com que é trabalhada! Sim, porque aquilo é arte!!! Certamente deve ser bem mais difícil de escrever do que um português mais ou menos correcto… se não, dê uma vista de olhos nestes excertos:

Antes de eu te amar havia o nada



