janeiro 25, 2005

Arquitecto dos sonhos

Hoje queria que viesses lá de longe, lá desse teu Olimpo inventado por ti, arquitecto dos sonhos. Queria que viesses e encostasses a cabeça no meu ombro desajeitadamente e ficasses ali detido enquanto te apetecesse ficar. Não, não precisavas de te maçar a escolher as palavras mais apropriadas para o dizer, porque eu já sei o que foi. E no fundo não passariam de mais uma das tuas obras-primas, detentor do dom da palavra. E para mim não passariam de meras palavras ocas de sentido e de sentimento.

Mas sim, hoje queria sentir a tua cabeça encostada o meu ombro… queria velar o teu sonho assim. Queria ver-te sem protecção e especialmente sem as criações. Tu assim, dormindo encostado no meu ombro numa noite vulgar sem compromissos ou preocupações, apenas dormindo e sonhando com a cabeça no meu ombro.

Sonhando eu, claro…

AlmaAzul (alter-ego)

janeiro 21, 2005

Lágrima colorida

Self Portrait (detail), Van Gogh

Por fim ganhando cor
Não sou mais
a clara
lágrima que brota
de um olho negro

e pinta um sulco
da tela,
no rosto
lágrima de tristeza,

revisitada no oposto
da lembrança ida
Lágrima de quem nasce
quando se rasgam os ventres
da dor sentida
Agora sou lágrima pintada
lágrima desejada
lágrima querida
lágrima colorida
Lágrima de quem viveu
noutra lágrima desaparecida
e se apaixonou, se derreteu,
se desfez e morreu...
Alma que tu pintaste
com cores ressuscitadas
que em rostos pintados
em ecrãs distantes
me reviram a alma
e pinto de cores antes inexistentes,
palavras e letras por ti renascidas.
Mas sou lágrima ainda...

PoetaDasCores (alter-ego)

janeiro 19, 2005

O efeito Noite



Não sei porquê, apesar de já ter dispensado algum tempo a pensar nisso... E o mais estranho é que não só sou eu que noto! As pessoas confrontam-me com isso...

Poderá ser o "aproveitar do escurinho", o efeito gato-escondido-com-o-rabo-de-fora,
uma "múltipla personalidade", uma faceta de "morcego" (como diz o pai),
o efeito da lua, das estrelas, o "sentir" Antares... ou pura maluquice com alguma paranóia à mistura!

Mas realmente a noite tem um efeito esquisito sobre mim: solto-me, sonho, sorrio... apetece-me sair de casa, andar, sentir os cheiros, ver os desconhecidos nas calçadas, conviver, falar pelos cotovelos e... voar, porque não?!!!
Normal!? Não... quando durante o dia se verifica praticamente o oposto!

Escrever algo assim quase sem nexo, só mesmo agora no lusco-fusco de um dia…de uma noite...

P.S. Procura-se mais destes "alienados" para estudo. Se forem um deles, avisem!