setembro 26, 2004

As três cores de um retrato

Hoje não pintarei de Azul,
nem violeta, verde ou roxo...
Hoje não pintarei flores,
nem mares, nem céus,
nem ventos, nem velas,
nem barcos, nem beijos...
Apenas a escuridão!
Branca e Preta...
de Vermelho sangue
manchada... suja...
Em retrato de mulheres
paradas em esquinas...
De rapazes franzinos...,
em algumas vielas escuras,
seculares e macadamizadas...
De meninas deslumbrantes,
em auto-estradas paradas...
Em todas as camas marcadas,
em cadeiras da praia sul,
em bosques sussurrantes,
em bares de engate,
em algumas discotecas,
em casas de alterne,
em dunas de vento lavadas,
em casas de banho públicas,
em qualquer prédio embargado
em chão frio e húmido,
em bancos de qualquer jardim,
em iates estrangeiros,
em casas de homens de dinheiro,
em lençóis encardidos,
em sacristias fechadas,
em noites comuns...

Pintarei apenas hoje
em três cores...
e apenas três...
Pois tais paisagens
só têm três cores,
Aos meus olhos
e aos de quem sente no corpo
e na alma este submundo:
Branco, Preto e Encarnado
Vivo ainda...

Poeta das Cores (Alter-ego)