maio 09, 2005

Divagações I

De mim aproxima-se a desconhecida… Espero-a.

Cambaleio entre as palavras de Eugénio de Andrade:
“…Esperarei por ti
Até que todas as coisas sejam mudas.

Até que uma pedra irrompa
E floresça.
Até que um pássaro me saia da garganta
E no silêncio desapareça…”;


e as de Assiram L…
“(…)
Já corro, já fujo no negro intenso!
Sou água, sou fogo no negro do beijo!
Sou desejo profundo, na noite gracejo.
Louca sem rédeas, pois a ti pertenço!
(...)
Faz de mim tua prisioneira amante…
Mas entra também para a mesma cela inconsequente!
Mulher desconhecida, és deslumbrantemente inquietante!
(...)

É de tarde… As horas passam minuto a minuto na esplanada do “Café na Praça”. Eu espero… eu sempre espero. Chego a pensar que essa é a minha condição.
Não sei ao que vim, não sei porque vim, apenas sei que estou aqui.

É de tarde e eu espero a mulher desconhecida. As mãos transpiram-me enquanto escrevo…
Espero… até que em uma rajada de vento passe e me leve para outro lugar.